“Banco Imobiliário”, documentário do paulista Miguel Antunes Ramos, Cor, 75 min, estreou com muitos aplausos no dia 28 de janeiro deste ano no Cine Tenda em Tiradentes, e foi uma grande surpresa para toda a plateia presente.
O jovem Miguel Antunes já é conhecido em Tiradentes por discutir o espaço urbano em São Paulo. O seu documentário curta metragem anterior “E”, vencedor da Mostra
de Tiradentes de 2014, trata, de maneira criativa, da questão dos
estacionamentos em São Paulo. Este curta já trazia o gérmen da
especulação imobiliária que veio eclodir de forma magistral e engraçada em “Banco Imobiliário”.
Ele aborda o cômico de forma incômoda e até absurda. O filme nos trás a dinâmica de como os agentes imobiliários abordam os proprietários de imóveis que têm a possibilidade de vir a ser grandes negócios imobiliários. Os personagens encenam mostrando como trabalham e como conseguem convencer ou não sobre a venda do imóvel. Caso particular e engraçado é a falha desta abordagem mostrada pela cena do agente imobiliário Domingos quando recebe uma resposta negativa de um possível cliente, o que provoca uma reação muito interessante na plateia (todos reagem de forma positiva ao ver a abordagem fracassada de Domingos). É como se as situações colocadas no filme acabassem por nos posicionar contras estes personagens que lutam pela sua sobrevivência e que trabalham muito, sem folga, e se submetem a situações muitas vezes difíceis, para ganharem o seu salário. Outra cena constrangedora é quando mostram um vendedor tendo dificuldade em manusear uma televisão fixa no teto e que é móvel. Todos torcem contra ele. Miguel coloca estas questões de forma leve e sutil e por mais engraçadas que sejam nos fazem refletir sobre a exploração do espaço urbano.
Recomendo demais este documentário que nos faz refletir sobre o nosso papel como vendedores ou compradores nos espaços que habitamos.
Escrito por Marcelo Cesar
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