VERDE
VIOLETA
O
EQUILÍBRIO MENTAL
Durante
a 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes foram exibido diversos curtas-metragens em
distintas sessões. “Verde Violeta” de Rafaela Arrigoni é um deles, que chamou
muita atenção do público. Não somente por trazer Betty Gofman no elenco e como
protagonista, mas por ser uma trama envolvente e intrigante.
Confira
a sinopse do curta-metragem:
“Verde
Violeta retrata o ritmo de passagem de Nilma, é uma estranha funcionária de
supermercado platonicamente apaixonada pelos olhos bicolores do segurança. A
introvertida Nilma passa a ser atormentada por Marlene, uma colega funcionária,
e é forçada a abandonar seu mundo íntimo e delirante para encontrar sua
redenção.
A exibição do curta, foi feita no cine-tenda,
no dia 29/01na sessão do final da tarde, chegando a ter um bom número de
expectadores, antes mesmo de começar fora depositado uma grande expectativa do
público em geral.
A
trama se passa em torno de Nilma, uma mulher reclusa nos primeiros instantes,
parecendo se deixar levar pelo ritmo do cotidiano entediante em seu trabalho no
supermercado. Ao decorrer da narrativa, Nilma se mostra apaixonada pelo
segurança do emprego, e fica admirando seus olhos exóticos, verde e violeta,
através das mercadorias das estantes. A maneira como a personagem de Beth
Gofman se comporta é evidente que tem problemas para se comunicar com qualquer
pessoa, se escondendo e evitante olhares, dando atenção somente para seu
bichinho de estimação quando chega em casa. Se mostrando sempre desconfiada e
com um certo receio do desconhecido.
Quando
uma colega de trabalho de Nilma percebe essa dificuldade dela para se
relacionar, ao invés de ajudá-la e tentar se comunicar de maneira calma e
educada, ela a humilha, a persegue e a assusta em diversas ocasiões. A
protagonista se sente cada vez mais perturbada, gerando confusões mentais que
resultam em sua demissão. Chegando ao ponto que se sente mais aliviada e,
surpreendentemente, chega para seu colega de trabalho e elogia seus olhos,
mostrando o quanto ela os admira.
O
título do curta, Verde Violeta é o que guia a narrativa, não só pelos
sentimentos da protagonista, mas também pela influências que as cores tem na
construção da personagem. O violeta com um profundo efeito sobre a mente,
utilizada pelos psiquiatras para acalmar e tranquilizar os pacientes que sofrem
problemas mentais e nervosos. Ajudando a equilibrar a mente, e se livrar dos
seus medos. E o verde criando um sentimento de conforto, de calma e paz
interior. Essas duas cores juntas portanto, eram os olhos do segurança , o
conforto de Nilma, e seu ponto seguro.
DE
PÁSSAROS E INFÂNCIA: MARIA
A
CANÇÃO DE UMA VIDA
Outro
curta metragem que chamou atenção durante a 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes
foi De pássaros e infância: Maria, de Mariana de lima Siqueira, baseado em
fatos reais. Fora exibido na sessão do último dia no cine tenda, na sessão
infantil. Gerando vários comentários negativo do público por ser um tema muito
pesado para ser exibido na sessão da manhã, onde é destinado a filmes e curtas
com temas mais leves, animações e com a classificação até doze anos.
Confira
a sinopse do curta-metragem:
“Livremente
baseado na história de Maria, retrata uma menina de infância difícil, alegre e
travessa. Órfã, cria um mundo próprio para sobreviver nas ruas da Cidade de
Goiás. Na infância, é apelidada de Maria Grampinho. Acolhida na velhice por
Cora Coralina, é imortalizada no poema Coisas de Maria.”
Apesar
da exibição do filme na sessão infantil, tal ato foi positivo ao englobar as
crianças a situações do dia a dia, infelizmente ainda presentes, como o
preconceito racial e econômico e o bullying cometido. Seria para as crianças
refletissem sobre tais atos, ou mesmo um erro na curadoria ao selecioná-lo para
a sessão infantil? Tais perguntas ficam em aberto, mas com uma torcida para o
crescimento social e humanitário de crianças que poderiam estar envolvidas em
atos similares.
No
curta, Maria passa por situações difíceis, como a humilhação, o sofrimento de
uma perda, o trabalho precoce, apelidos e exclusão das crianças do bairro. O
título chega a ser irônico ao fim da narrativa, onde geralmente os pássaros são
serem suaves e calmos e a infância cheia de inocência e bondade, acaba
mostrando exatamente o contrário, a desigualdade, o peso que uma criança pode
carregar, e dificuldades. Onde o pássaro é lembrado como seu ponto maior de
humilhação e sofrimento, uma criança que foi obrigada a amadurecer precocemente
com as situações que teve que enfrentar diante a vida.
Escrito
por Bárbara Antônia.
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