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Being Boring - Cinema Interação: cinema, música e dança

Cartaz do filme
Na noite de sexta-feira de Janeiro (29), durante a 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes foi exibido a Pré-Estreia Nacional do longa-metragem “Being Boring”, de Lucas Nassif, de 77 min, na Sessão Bendita. O filme é um tipo de experimental-pop, possibilitando diversas formas de interações de linguagens cinematográfica, digitais e conceituais.
Feito com quase nenhum orçamento, o filme é guiado não somente pela música que deu origem ao nome do longa , mas também por todo o disco “Behavior”, da banda Pet Shop Boys, que é tocado repetidamente dando origem a um cenário onde dois personagens se relacionam em uma festa privada, em um único espaço, com a presença dos atores Andrea Pech e Bráulio Cruz. Fazendo alusões a uma cena de flerte e sedução em uma festa com seus respectivos personagens, um deles sempre sentado e o outro sempre em pé, brincando com o público que uma parte pode permanecer sentado nas cadeiras vendo o filme e o a outra parte que pode estar dançando no ritmo da trilha.

Foto: Jackson Romanelli/Universo Produção

Sinopse: 
“Musical de câmara. Elxs tiveram sua dança delimitada numa frágil tentativa de encenação. Considerando as dificuldades de seus lugares, umx deveria estar sempre de pé enquanto x outrx deveria estar sempre sentadx. Seus rostos e seus corpos estão expostos: lidando com esses lugares delimitados, acumulando em seus movimentos desconforto e sucesso. Para que cantar canções se nunca nem vão te ouvir?”
Foto: Leo Fontes/Universo Produções
Segundo a matéria de Paulo Henrique Silva no site Hoje em dia, Lucas Nassif, fala em uma entrevista: “A câmera é um terceiro personagem e, juntos, formam um jogo de espelhos numa sala mundana, bebendo e fumando, de forma hedonista”. Estaria o mesmo dando sua visão de preferência de um estilo de vida? Ou uma reflexão a prazeres simples do cotidiano que vivemos todos os dias e muitas vezes não são apreciados da forma como deveria ser, da forma mais pura e singela possível. A câmera como terceiro personagem acaba nos transformando em um personagem do filme, onde conseguimos apreciar o momento dos outros dois personagens quando vemos as cenas e interagimos com a tela, o ritmo e sensações que elas nos trazem. 
 
“Being Boring”, aproxima sua estética a obras da pop art e instalações audiovisuais, fugindo de uma padronização de filmes comerciais. Mas conforme a matéria de Paulo Henrique, Lucas Nassif, ressalta que não é um filme instalativo, ele faz questão que o seja apresentado em cinemas, onde a sensação das pessoas presas numa sala escura “explode muito mais”. “Não diria que é um filme prazeroso. É exaustivo, mas tem a sua graça. Se a pessoa sentir tédio, ela pode se levantar e começar a dançar, como a personagem”. No video de encerramento da mostra, contamos com a presença de várias entrevistas, uma delas do diretor Lucas Ferraço explicando sua intenção ao fazer um filme alternativo e como devemos repensar nossa forma de ver cinema. "Funciona pra gente tentar pensar cinema de uma maneira que não é a que a gente vê nos festivais de cinema. O cinema feito a partir de um disco, a partir de música..." 
 
Cada exibição do filme, portanto, será exclusivamente única e inédita. Dependendo do tempo, espaço e relação com os espectadores. Como vimos em Tiradentes, quando começou a apresentação do filme as três primeiras fileiras de cadeiras do Cine-Tenda foram retiradas para oferecer a possibilidade do público interagir com o filme. Esses permaneceram quietos nos primeiros instantes, com receio, timidez, ou até mesmo tentando compreender e assimilar a proposta do de Being Boring.
Quando estava quase na segunda música do álbum da banda Pet Shop Boys, dupla de música pop britanica formada por Neil Francis Tennant Christopher Sean Lowe; uma pessoa se levantou da cadeira, se dirigiu para frente e começou a dançar em um cantinho escuro, quase pedindo permissão para estar ali na frente. Não demorou muito até um grupinho se levantar e acompanhar a garota tímida do canto. Os grupos em média de cinco pessoas fizeram a experiência de “Bering Boring” ser grandiosa começando no cantinho esquerdo da sala, cada vez mais foram chegando mais e mais pessoas, um grupo do lado direito começou a se divertir também e dançar no ritmo do filme.
Foto: Leo Fontes/Universo Produções
 Até um momento que os grupos se juntaram e o palco da mostra fora invadido pelos jovens, dançando e brincando com a tela atrás deles, chegando cada vez mais pessoas. Infelizmente a coordenação pediu para todos descerem por questão de segurança. Mas a festa não acabou, a música continuou junto com algumas pessoas dançando na parte de baixo. E o mais legal de tudo isso era que tinha pessoas nas cadeiras assistindo e apreciando toda a atmosfera que o filme de Nassif criou. 

Foto: Leo Fontes/Universo Produções
Foto: Leo Fontes/Universo Produções
A exibição do filme experimental-pop, Being Boring, não gira em torno somente da interação com o público, mas também com a intencionalidade do diretor ao se posicionar de tal forma, escolhendo a trilha e imagens que criam a atmosfera do longa, dando assim, a possibilidade das pessoas dançarem ao som da música ou mesmo ficar observando sentadas, o importante é a reação que o filme causa em cada um, conforme as imagens na tela e suas diretrizes.

CURIOSIDADES:
  • A tradução do título do filme, Being Boring, é “Sendo Chato”.
  • o que é Música de Câmara? “Chamamos "Música de Câmara" a qualquer formação instrumental que se limite a poucos executantes. O termo vem da acepção da palavra 'Câmara' ou 'Câmera' (da mesma origem que 'Câmera fotográfica') como sinônimo de 'sala', 'quarto', genericamente 'compartimento ou aposento de uma casa'. É, portanto, literalmente a música destinada a pequenos espaços, e por isso, a música escrita para pequenas formações. “ - Filipe Salles

Leia Também:
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Escrito por Bárbara Antônia

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