Entre os dias 26 e 31 de agosto, o curso de Cinema e Audiovisual da PUC Minas apresentou sessões da Mostra Ecofalante integrando o circuito de exibição da itinerância em Belo Horizonte.
Criada em 2002 e dirigida por Chico Guariba, a Mostra Ecofalante de Cinema é uma realização da ONG Ecofalante, sendo considerada como o mais importante evento audiovisual sul-americano dedicado às temáticas socioambientais.
No dia 26 de agosto de 2022 foi exibido o filme “Rolê - Histórias dos Rolezinhos” (2021) de Vladimir Seixas. A sessão foi comentada pela pesquisadora Tatiana Carvalho Costa. Na conversa com o público, algumas obras foram citadas e reproduzimos aqui para quem se interessar em se aprofundar nas discussões relacionados ao cinema negro brasileiro. São elas:
Tatiana Carvalho Costa (à direita), ao lado da professora Sandra Freitas.
Foto por Pâmella Ribeiro.
SILVA, Denise Ferreira. A Dívida Impagável. São Paulo: Oficina de Imaginação Política e e Living Commons, 2019.
- “Por onde começar? Desde onde começar a tarefa de expor, capturar e dissolver, de apresentar o que excede e desafia o pensamento? A preocupação que tece o fio que liga os ensaios aqui coletados, de uma certa forma, sinaliza a im/possibilidade indicada por estas perguntas. Na verdade, é possível dizer que esta compartilha da mesma incompreensibilidade e improbabilidade que tento capturar na imagem poética negra feminista que dá nome a esta coletânea. Pois, como uma imagem anti-dialética, “A Dívida Impagável” não faz mais do que registrar, ao tentar interromper, o desdobrar da lógica perversa que oclui a maneira como, desde o fim do século XIX, a racialidade, opera como um arsenal ético em conjunto – por dentro, ao lado, e sempre-já – a/diante das arquiteturas jurídico-econômicas que constituem o par Estado-Capital.” A publicação é organizada pela Oficina de Imaginação Política com o apoio da Casa do Povo e disponibilizada gratuitamente.
CARNEIRO, Aparecida Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. 2005. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. Acesso em: 16 set. 2022.
- “Esta tese consiste numa aplicação dos conceitos de dispositivo e de biopoder elaborados por Michel Foucault ao domínio das relações raciais. É um estudo de cunho reflexivo especulativo com o qual pretende-se averiguar a potencialidade daqueles conceitos para a apreensão e análise da dinâmica das relações raciais no Brasil. Para tanto construímos, a partir deles, a noção de dispositivo de racialidade/biopoder com a qual buscamos dar conta de um duplo processo: da produção social e cultural da eleição e subordinação racial e dos processos de produção de vitalismo e morte informados pela filiação racial. Da articulação do dispositivo de racialidade ao biopoder emerge um mecanismo específico que compartilha da natureza dessas duas tecnologias de poder: o epistemicídio, que coloca em questão o lugar da educação na reprodução de poderes, saberes, subjetividades e ‘cídios’ que o dispositivo de racialidade/biopoder produz. O que se intenta neste trabalho é inscrever a problemática racial no campo analítico dos conceitos de dispositivo e do biopoder tal como formulados por Foucault, privilegiando discursos, práticas e resistências que o dispositivo de racialidade/biopoder produz e reproduz com foco na dimensão epistemicida que ele contém."
MBEMBE, Achille. Crítica da Razão Negra. São Paulo: N-1 Edições, 2018.
- “De todos os humanos, o negro é o único cuja carne foi convertida em mercadoria. Aliás, negro e raça têm sido sinônimos no imaginário das sociedades europeias. Desde o século XVIII, constituíram ambos o subsolo inconfesso e muitas vezes negado a partir do qual se difundiu o projeto moderno de conhecimento – e também de governo. Será possível que a relegação da Europa à categoria de mera província do mundo acarretará a extinção do racismo, com a dissolução de um de seus mais cruciais significantes, o negro? Ou, pelo contrário, uma vez desmantelada essa figura histórica, todos nós nos tornaremos os negros do novo racismo fabricado em escala global pelas políticas neoliberais e securitárias, pelas novas guerras de ocupação e predação e pelas práticas de zoneamento? Neste ensaio ao mesmo tempo erudito e iconoclasta, Achille Mbembe empreende uma reflexão crítica indispensável para responder à principal questão sobre o mundo contemporâneo: como pensar a diferença e a vida, o semelhante e o dessemelhante?”
MARTINS, Leda Maria. Performance do tempo espiralar, poéticas do corpo-tela. Rio de Janeiro: Cobogó, 2021.
- “Em Performances do tempo espiralar, poéticas do corpo-tela, da coleção Encruzilhada, da Editora Cobogó, a ensaísta, poeta, dramaturga e professora Leda Maria Martins explora as inter-relações entre corpo, tempo, performance, memória e produção de saberes, principalmente os que se instituem por via das corporeidades. Em novas dicções, a autora consolida o conceito de tempo espiralar, que surge pela observação de práticas comunitárias e no fundamento cognitivo de vários grupos étnicos africanos – que nas Américas recriaram seus laços de pertencimento telúrico.”
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